O desenvolvimento e a profissionalização das atividades esportivas e a facilidade de deslocamento trazida pelo transporte aéreo tiveram como consequência o aumento das competições internacionais. Com o número crescente dos eventos intercontinentais, as viagens longas e com rápidas mudanças de fuso horário se tornaram frequentes e os efeitos da Síndrome de Mudança do Fuso Horário, passaram a ser claramente percebidos no desempenho dos atletas. Mais conhecida como JET LAG, a síndrome é um descontrole físico e emocional relacionado à mudança de fuso horário, que causa uma falta de sincronização do relógio biológico.
As principais consequências do JET LAG são alterações no ciclo sono/vigília e a debilitação do sistema imunológico que têm como sintomas associados: fadiga, sonolência, insônia, diminuição do desempenho mental e físico, flutuações de humor, perturbações gastrointestinais, dores de cabeça, sentimento de desorientação etc. Em atletas isso significa uma diminuição do rendimento na competição e da qualidade de resposta às cargas de treino, além do aumento no risco de lesões. Para as mulheres a síndrome tem mais um agravante. Segundo estudos, as mudanças constantes de fuso estão relacionadas a irregularidades do ciclo menstrual.
Vale lembrar que o JET LAG é sentido apenas em deslocamentos nos sentidos leste e oeste, que implicam o atravessamento de fusos horários. Ou seja, o impacto é maior em um voo do Brasil para a Europa do que para os Estados Unidos, independentemente das horas de viagem. Ainda assim, viagens aéreas longas prejudicam o desempenho do atleta mesmo sem o deslocamento fuso horário, pois submetem o organismo a elementos como baixa oxigenação da cabine, ar seco, desconforto físico e psicológico, privação do sono, dieta imposta, excesso de ruídos e luminosidade inadequada.
A única maneira de reduzir o impacto negativo do JET LAG é dar tempo para que o corpo se adapte à nova realidade. No caso de atletas de ponta, estudos ajudam a determinar o período de aclimatação necessário para a prática dos diferentes esportes sem prejuízos. O tempo mínimo recomendado pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva é de um dia para cada fuso horário avançado. Por exemplo, como a Inglaterra tem uma diferença de quatro fusos do Brasil, portanto atletas brasileiros que competirem neste pais precisam de pelo menos quatro dias de adaptação para não terem o desempenho comprometido.